13.2.16

"Uma semana na praia como castigo", da autoria de Diana Barreto

"Uma semana na praia" era o tema que devia ser respeitado nos contos do 2ºciclo que concorressem ao concurso "Um conto que contas". Este concurso é da responsabilidade de uma Comissão Organizadora em colaboração com a Delegação Regional do Sul e Ilhas da Sociedade Portuguesa de Matemática e com o apoio da Universidade de Évora, do Centro de Investigação em Matemática e Aplicações, da Associação de Matemática Interativa e Lúdica e da Delta Cafés.
 Atendendo aos objetivos do concurso, tais como "fomentar hábitos de leitura e de escrita (...) e incentivar à escrita de um conto que envolva conteúdos matemáticos", apresentei, na "Oficina de Escrita", a proposta de participação neste concurso .
Assim, ao longo das últimas semanas, na "Oficina de Escrita",  a Diana Barreto construiu o conto que abaixo vem transcrito. De facto, com muita imaginação e articulando as diversas áreas do saber, tais como Matemática e Português, a Diana escreveu o conto "Uma semana de férias como castigo".

Muitos parabéns, Diana!


Uma semana na praia como castigo

Na última aula de matemática do segundo período, a professora chega à sala muito desesperada com as notas dos seus alunos:
- Meninos, estou triste e bastante desiludida com as vossas notas. Vou ter de me reunir com os vossos pais para combinar o castigo que irão ter. Como as poucas notas positivas são fracas, a penalização será igual para todos.
Chegado o dia da reunião com os encarregados de educação, a professora de Matemática apresentou a sua proposta de “castigo” que teve a aprovação de todos os encarregados de educação.
Os alunos quando souberam qual era o castigo, nem queriam acreditar no que lhes estava a ser transmitido pelos pais.
- Uma semana na praia!? – perguntava a Maria à mãe.
- O quê? Depois de amanhã vou para a praia durante uma semana? – questionava o João.
- Estás a gozar comigo? Vá lá, diz qual é o castigo. – pedia o Daniel.
Tinham tido notas fracas em Matemática e, em vez de terem trabalhos redobrados, ofereciam-lhes uma semana de férias na praia.
No dia e hora combinados, lá estavam todos felicíssimos com o passeio e férias inesperados.
- Quero que se sentem números pares sucessivos do lado esquerdo e números ímpares, também seguidos, do lado direito. – ordenou a professora.
- Sou o número dois…então fico com o quatro. Carolina, fico contigo. – disse a Ana.
Apesar de alguma confusão e acesas discussões, lá se foram sentando e, por vezes, corrigindo as primeiras decisões.
À sua espera, em cada assento do autocarro, estava uma brochura com o título “Diário de Bordo” e uma esferográfica.
- Abram o Diário que está no lugar onde se sentaram e confirmem se tem o vosso nome. Se tiver, é sinal que a primeira tarefa foi cumprida com sucesso. Quem estiver no lugar errado, tem de se levantar e vir ter comigo para conversarmos e descobrirmos onde é que têm de se sentar. – informou a professora.
Após trinta minutos de viagem, o autocarro parou numa área de serviço para atestar o depósito.
- O motorista acabou de me dizer que o depósito leva sessenta litros de gasóleo. Como agora tem apenas quinze litros, quanto precisa de colocar no depósito? Calculem e escrevam o resultado no diário de bordo.
De imediato, os alunos pegaram nos telemóveis.
- Ah! Esqueci-me de vos dizer que esta semana de férias na praia vai ser uma aula prolongada de Matemática, pelo que não poderão utilizar os telemóveis.
O silêncio instalou-se…sem abrirem a boca, mas entrecruzando os olhares, começaram a perceber que as prometidas férias “tinham água no bico” e muita Matemática à mistura.
Entretanto, a professora recolheu os telemóveis e colocou-os dentro de uma caixa.
Perante esta dificuldade, cada um tentou calcular à sua maneira. Enquanto uns escreviam no embaciado dos vidros da janela, outros escreviam com o dedo na mão e ainda havia aqueles que fechavam os olhos na esperança de que os números não lhes fugissem da memória.
- Quando chegarem ao resultado, escrevam-no no vosso diário e indiquem a estratégia de cálculo.
O Francisco resolveu rapidamente o cálculo e levantou o braço para que a professora o soubesse. Certificando-se de que todos já tinham dado a resposta, a professora perguntou ao Francisco o resultado, ao que ele respondeu prontamente:
- Para que o depósito fique cheio, o motorista tem de colocar quarenta e cinco litros de gasóleo. Cheguei ao resultado pela identidade fundamental da subtração.
A viagem continuou sem paragens, pelo que chegaram rapidamente à pousada onde iam ficar instalados. Na receção, a professora apresentou mais uma questão:
- Temos a reserva para seis quartos. Atendendo a que somos vinte e cinco, dez rapazes e quinze raparigas, a contar comigo, digam-me como ficaremos divididos pelos quartos e escrevam os vossos resultados no diário de bordo. Os alunos começaram a calcular até que o Guilherme levantou o braço. Quando a professora lhe deu autorização para falar o Guilherme respondeu:
- Como somos vinte e cinco ficarão cinco alunos em cada quarto. Calculei isto usando a multiplicação.
Os risinhos dos colegas não se fizeram esperar. Ao reparar em quem tinha começado com os risinhos, a professora dirigiu-se ao Daniel e perguntou:
- Então, Daniel, qual é o resultado?
Ao ouvir isto o Daniel ficou atrapalhado e demorou a responder. Por fim disse:
- Em cinco quartos vão ficar quatro pessoas e num cinco. Também usei a multiplicação.
- Estão de acordo?
- Não, professora! Assim ficavam rapazes misturados com raparigas – respondeu de imediato a Sara. Pelos meus cálculos, os rapazes ficam divididos por dois quartos, ou seja, cinco rapazes em cada quarto. As raparigas ficam distribuídas em quatro quartos: três quartos com quatro e um quarto com três.
- Professora, pelos meus cálculos, são três quartos para as raparigas e outros três para os rapazes. As raparigas ficam cinco em cada quarto e os rapazes são dois quartos com três e um com quatro. – replicou o João.
- Uhhhh!!!!! – protestaram as raparigas.
- De facto, ambas as propostas estão certas, mas para não haver tanta desigualdade entre os rapazes e as raparigas, tenho outra proposta: os rapazes ficam divididos em dois quartos, as raparigas por três quartos e eu ficarei sozinha num quarto. Assim, estão mais à vontade para conversar uns com os outros. Que vos parece? – perguntou a professora.
Perante a justificação da professora de ficarem mais à vontade, todos concordaram.
No dia seguinte, já na praia, preparavam-se para dar um mergulho, quando ouviram a voz da professora:
- Antes de se lançarem à água, terão de ir recolher conchinhas de diferentes formatos e cores. Apesar de intrigados, limitaram-se a cumprir a ordem da professora.
Passados trinta minutos, a professora chamou-os para que construíssem, no diário de bordo, uma tabela a fim de registarem o número de conchas de cada forma ou cor. Ao terminarem, a professora pediu que fizessem um colar de modo a utilizarem todas as conchas que tinham apanhado, respeitando uma determinada sequência.
Apesar de terem percebido as ordens da professora, foram muitas as vezes que precisaram de retirar as conchas do fio e voltar a construir a sequência de modo a utilizarem as conchas todas.
No dia seguinte, à hora do almoço, a professora propôs um novo problema:
- Neste restaurante a base das refeições são as saladas. Como são saladas com muitos ingredientes, cada uma custa 4,50€. Quanto teremos de pagar?
Nisto os alunos começaram a resolver o problema e a professora teve de dizer várias vezes que a resposta estava errada. Entretanto, surgiram os cálculos da Diana:
- Então, vinte e cinco vezes quatro são cem euros e vinte e cinco vezes cinquenta cêntimos, são doze euros e meio. É fácil! Teremos de pagar cento e doze euros e cinquenta cêntimos.
- Correto, Diana! Vamos, lá, então almoçar.
Passada uma semana repleta de problemas matemáticos, a professora propôs no último dia mais uma situação:
- Sendo hoje o oitavo e último dia e já feitas todas as refeições, sei que por dia gastámos cerca de dez euros por aluno e hoje só pagámos cinco euros. Quanto gastou, cada um de nós, por semana?
Neste último problema quase todos os alunos acertaram:
- Claro que a resposta certa é setenta e cinco. Calculei dez vezes sete, depois adicionei cinco. Na minha opinião este foi o problema mais fácil. - disse rapidamente o Duarte.
À tarde, quando chegaram a casa os alunos estavam eufóricos:
- Ó mãe, ó pai! - chamava a Ana- Agora já percebi porque é que a matemática é tão importante na vida. Eu adoro-a!
- Então a viagem correu bem?
- Lindamente! A matemática é super fixe e divertida! - exclamou o Daniel enquanto pulava de alegria.
- Então Maria, que tal foi?
- Mãe, foi muito divertido! E sabes que mais? Já gosto de matemática.
Com tanta alegria e com tanta diversão, no período seguinte todos os alunos tiraram positiva e nunca mais deixaram de gostar de Matemática. Assim acaba esta história…com um final feliz.

Agora resta-nos aguardar pela decisão do júri.

2 comentários:

  1. Um conto muito bem estruturado,nem parece ter sido escrito por uma criança de 8 anos

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    1. Este conto foi escrito por uma jovem do 2ºciclo, mais especificamente do 5ºano de escolaridade. Será que leu "2ºano" em vez de "2ºciclo"?

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