26.3.14

Um poema de Maria Alberta Menéres

Ao vigésimo sexto dia de março, escolhemos um poema de Maria Alberta Menéres, retirado do livro Conversas com versos.


As Pedras

As pedras falam? pois falam
mas não à nossa maneira,
que todas as coisas sabem
uma história que não calam.

Debaixo dos nossos pés
ou dentro da nossa mão
O que pensarão de nós?
O que de nós pensarão?

As pedras cantam nos lagos
choram no meio da rua
tremem de frio e de medo
quando a noite é fria e escura.

Riem nos muros ao sol,
no fundo do mar se esquecem.
Umas partem como aves
e nem mais tarde regressam.

Brilham quando a chuva cai.
Vestem-se de musgo verde
em casa velha ou em fonte
que saiba matar a sede.

Foi de duas pedras duras
que a faísca rebentou:
uma germinou em flor
e outra nos céus voou.

As pedras falam? pois falam.
Só as entende quem quer,
que todas as coisas têm
uma coisa para dizer.


Quanto ao poema dos alunos, selecionámos um da Maria Pilar Monteiro, aluna da T.5 da EB de São Domingos.
Este poema foi construído, após observação do quadro "Noturno" de Joan Miró.



Um dia de tempestade
Uma coisa chegou.
A tempestade parou.
De lá coisas saíram
Coisas estranhas sei lá.
Não vamos gritar,
Porque medo não temos
Por coisas novas chegar!
Vamos dizer sim à felicidade.

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