Muitos parabéns, Diana, pela tua capacidade de trabalho ao longo destes anos que tive o prazer de ter a tua participação na Oficina da Escrita. Espero que continues o teu percurso de sucesso.
Deliciem-se com as palavras e a criatividade reveladas pela Diana no seu texto
"O misterioso armário".
Tudo começou num dia que estava na
Oficina da Escrita da minha escola perante uma folha de papel branco e caneta
na mão. O desafio era escrever um texto original para participar no concurso
“Uma Aventura Literária”. A professora sugeriu que escrevêssemos sobre algum episódio
do dia a dia, mas com pinceladas de imaginação, de criatividade e de fantasia.
Só tinha cinquenta minutos para o
fazer. Tinha de ma apressar, contudo, por muito que me esforçasse, nada me
surgia na cabeça. Dei por mim a olhar para o relógio a ver os ponteiros a girar
enquanto esperava que alguma ideia aparecesse. A professora, ao notar a minha
falta de criatividade, abandonou a sala para “trazer inspiração”.
Estava, então, sozinha sem nada nem
ninguém ao meu redor. A minha ausência de ideias deve ter afetado o meu
cérebro, pois comecei a ouvir passos naquela sala solitária. Olhei para um
lado…olhei para o outro, mas, naturalmente, nada vi. Ri para mim mesma até
ouvir a porta do armário a abrir-se e a sair de lá um homem velho, barbudo e
com ar sábio. Ele perguntou-me se eu estava sem criatividade e eu,
surpreendida, acenei afirmativamente com a cabeça. Ao ver esta minha resposta,
convidou-me para entrar no armário. Esquecendo-me que estava na Oficina,
aceitei entrar com ele.
Lá dentro, incrivelmente, havia um
mundo cheio de cores, aromas, paisagens e pessoas. O amarelo de um sol radioso brilhava
num azul limpo do céu; o campo verde de relva estava pintalgado com flores
brancas e amarelas que eram beijadas por borboletas arroxeadas, rosadas e
alaranjadas; junto à relva, passava um ribeiro de água cristalina, onde
saltavam peixes vermelhos. Quanto aos aromas, o perfume da alfazema
misturava-se com o da glicínia, do jasmim-do-imperador, do jasmim-estrela e o
da terra molhada. De um lado escutava “Buzzz…Buzzz”, mais adiante
“Coach…coach”, junto ao ribeiro, “Quac…quac” e mesmo perto de mim
“cricri…cricri”. Até as pessoas, cada uma com as suas características, umas
alegres, outras sisudas; umas com andar pausado, outras apressadas; umas
solitárias, outras rodeadas de amigos…
Fiquei encantada a contemplar a
diversidade de energias existentes dentro do armário. Apressei-me a anotar tudo
no bloco que a professora nos tinha oferecido no início do ano para registarmos
ideias, escrevermos listas de palavras do que víamos, ouvíamos ou sentíamos.
Porém, o senhor não me deixou ficar
naquele sítio muito tempo. Em vez disso, conduziu-me para uma árvore de folhas
amarelas, tronco e ramos grossos. Com agilidade, trepou-a até um dos ramos mais
alto. Quando reparou que eu não estava junto dele, convidou-me a segui-lo.
Fiquei a olhar para ele hesitante, mas ele lançou uma corda forte para que eu
não estivesse tão receosa na subida. Agarrei nela e subi à árvore mais facilmente
do que imaginara.
Assim que o alcancei, sentei-me à sua
frente. O velho senhor estendeu-me uma das folhas da árvore. Depois pediu-me
que eu a amachucasse e a agarrasse com as duas mãos. Ao fazê-lo, uma imensidão
de ideias e imagens surgiram na minha cabeça. A cada segundo, surgiam mais e
mais e todas elas ficavam guardadas na minha memória.
Não sei ao certo durante quanto tempo
ali fiquei sentada à frente de um sábio no cimo de uma árvore. Só sei que,
quando recuperei a noção do tempo e do espaço, estava sentada na sala da
Oficina da Escrita a olhar para o armário.
Poucos segundos depois, entrou a
professora carregada de livros:
- Diana, trouxe alguns livros
bastante sugestivos. Se quiseres, esta semana pode ser de leitura e na próxima
escreves, então, o texto. Que te parece?
- Não é preciso, professora!
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