25.3.14

Um poema de José Luís Peixoto



Hoje, dia 25 de março, escolhemos um poema de José Luís Peixoto, retirado do livro A Casa, a Escuridão.
Para melhor conhecerem este autor, visitem o seu site.



Palavras para a minha mãe


Mãe, tenho pena, esperei sempre que entendesses
as palavras que nunca disse e os gestos que nunca fiz
sei hoje que apenas esperei, mãe, e esperar não é suficiente.

Pelas palavras que nunca disse, pelos gestos que me pediste
tanto e eu nunca fui capaz de fazer, quero pedir-te
desculpa, mãe, e sei que pedir desculpa não é suficiente.

Às vezes, quero dizer-te tantas coisas que não consigo,
a fotografia em que estou ao teu colo é a fotografia
mais bonita que tenho, gosto de quando estás feliz.

Lê isto: mãe, amo-te.

Eu sei e tu sabes que poderei sempre fingir que não
escrevi estas palavras, sim, mãe, hei-de fingir que
não escrevi estas palavras, e tu hás-de fingir que não
as leste, somos assim, mãe, mas eu sei e tu sabes.

Quanto ao poema dos alunos, selecionámos um do Bruno Viegas, aluno da T.6 da E.B. de São Domingos. O poema foi escrito após audição do conto "O Gigante Egoísta" de Oscar Wilde.
Para o ilustrar escolhemos uma pintura de Renoir.


Eu gostava de ser gigante
para nas nuvens tocar
e as fazer chorar
e as plantas ver florescer.

Mas também dar
a volta ao mundo
a correr ou a andar
a conhecer terras sem parar.

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